Harry poter está aguardando na rua dos Alferneiros. A Ordem da Fênix chegará em breve para trasferi-lo, em segurança, do endereço de sua familia trouxa, sem que Valdemort e seus seguidores saibam. A partir daí, o que Harry deverá fazer? Como será capaz de cumprir a missão, aparentemente impossível, que Dumbledore lhe deixou?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O casamento (capítulo oito)



                                                                               
Às três em ponto da tarde seguinte estavam Harry, Ron, Fred e Jorge em pé fora da
grande e branca tenda no pomar, esperando a chegada dos convidados do casamento. Harry
havia ingerido uma larga dose da Poção Políssuco e agora era a cópia de um trouxa ruivo
da vila local, Ottery St. Catchpole, onde Fred roubou um tufo de cabelo utilizando um
feitiço convocatório. O plano era apresentar Harry como “Primo Barny” e torcer para que a
existência de um grande número de parentes dos Weasleys o camuflasse.
Todos os quatro possuíam um mapa de assentos, assim auxiliando as pessoas a
encontrarem seus lugares. Uma multidão de garçons de casaca branca chegou uma hora
antes, junto com uma banda de jaquetas douradas, e todos esses bruxos estavam sentados a
uma distância pequena debaixo de uma árvore. Harry podia ver uma névoa azul de
cachimbos subindo do local. Atrás de Harry, a entrada da tenda revelava colunas e mais
colunas de frágeis cadeiras douradas alinhadas a um carpete púrpuro. As colunas de apoio
estavam enfeitadas com flores brancas e douradas. Fred e Jorge haviam prendido um
número enorme de balões dourados no lugar exato no qual, em breve, Gui e Fleur se
tornariam marido e mulher. No exterior, borboletas e abelhas estavam pairando
preguiçosamente acima do gramado e cerca viva. Harry estava bastante desconfortável. O
garoto trouxa, do qual a aparência ele possuía, era um pouco mais magro que ele e suas
vestes estavam abafadas e apertadas naquele dia de verão aberto.
- Quando eu me casar, - disse Fred, puxando o colarinho da sua própria
veste, - Eu não me preocuparei com nada dessas besteiras. Vocês podem usar o que
quiserem, e eu irei lançar um feitiço do corpo preso na mamãe, antes de tudo acabar.
- Ela até que não estava tão mal essa manhã, - disse Jorge.- Chorou um
pouco por Percy não estar aqui, mas quem o quer? Nossa, preparem-se que lá vêm eles,
olhem.
Figuras luminosamente coloridas estavam aparecendo, um a um do nada nos
limites do jardim. Em minutos uma procissão tinha se formado, que começou como uma
cobra a subir o jardim rumo à tenda. Flores exóticas e pássaros encantados esvoaçavam nos
chapéus dos bruxos, enquanto gemas preciosas brilhavam de muitas das gravatas dos
bruxos, uma burburinho de conversa excitada crescia cada vez mais barulhenta, abafando o
som das abelhas enquanto a multidão se aproximava da tenda.
- Excelente, eu acho que vi algumas primas veelas, - disse Jorge, torcendo o
pescoço para uma vista melhor. – Elas precisarão de ajuda para entender os costumes
ingleses, eu irei procurar por elas...
- Não tão rápido, sua santidade, - disse Fred, flechando através do grupo de bruxas
de meia idade se dirigindo ao aglomerado, e disse – Aqui – permetiez moi to assiter vous
(Permita-me que vos auxilie) – para um par de lindas garotas francesas, que sorriram e
permitiram que ele as escoltasse para dentro. Jorge ficou para trás lidando com as bruxas
balzaquianas e Ron se encarregou do velho colega de ministério do Sr. Weasley, Perkins,
enquanto um casal bem surdo entrava para o grupo de Harry.
- Uau, - disse uma voz familiar assim que ele saiu da tenda novamente e viu Tonks
e Lupin em frente à fila. Ela tinha se tornado loira para a ocasião. – Arthur nos disse que
você era o de cabelo crespo. Desculpe pela última noite, - ela adicionou num sussuro
concomitantemente ao se encaminharem à nave da igreja. – O ministério está sendo muito
antilobisomem ultimamente, pensamos que nossa presença não lhe traria nenhum bem.
- Tudo bem, eu entendo, - disse Harry, falando mais para Lupin do que para
Tonks. Lupin deu-lhe um pequeno sorriso, mas assim que eles se viraram Harry viu no
cenho de Lupin linhas de tristeza. Ele não entendia, mas não havia tempo para pensar nisso.
Hagrid estava causando um momento de confusão. Confundindo as ordens de Fred assim
que se sentou, não sobre a magicamente reforçada e aumentada cadeira colocada para ele
na fileira de trás, mas em cinco assentos que agora pareciam uma grande pilha de palitos de
ouro.
Enquanto o Sr. Weasley reparava o dano e Hagrid gritava pedidos de
desculpa para todos que pudessem ouvir, Harry se apressou de volta para a entrada para ver
Ron face a face com um bruxo de aparência excêntrica. Um pouco vesgo, cabelos brancos
na altura dos ombros com textura de cera de vela, ele usava um gorro no qual pendões
balançavam à frente de seu nariz e uma veste com cor de amarelo gema. Um símbolo
estranho como um olho triangular, brilhava de um cordão no seu pescoço.
- Xenófilo Lovegood, - ele disse, estendendo a mão à Harry, - minha filha e
eu vivemos além da montanha, tão cortês dos Weasleys nos convidarem. Mas eu acho que
conhece minha Luna? – ele completou para Ron.
-Sim, - disse Ron. – Ela não estaria com você?
-Ela está vagando naquele jardim pequeno e encantador para saudar os
gnomos, uma infestação gloriosa! Tão poucos bruxos percebem quanto eles podem
aprender da sabedoria dos pequenos gnomos – ou, para lhes chamar pelo nome certo, os
Gernumbli Gardensi.
- Os nossos conhecem palavrões excelentes, - disse Ron – mas eu acho que Fred e
Jorge que ensinaram eles.
Ele liderou um grupo de bruxos para a tenda enquanto Luna se aproximava.
-Olá, Harry! – Ela disse.
-Oh, você mudou de nome também? – ela perguntou radiante.
- Como você sabia?
-Oras, apenas pela sua expressão, - ela disse.
Como seu pai, Luna estava usando uma veste amarela brilhante, o qual ela
complementou com um grande girassol no cabelo. Assim que se acostumou com tanto
brilho, o efeito geral era muito bom. Pelo menos não havia rabanetes pendurados nas
orelhas.
Xenófilo, que estava em conversa calorosa com um conhecido, perdeu a
conversa entre Harry e Luna. Terminando o adeus bruxo, ele se virou para a filha, que de
dedo erguido disse, - Pai, veja – um dos gnomês me morder.
- Que maravilhoso! Saliva de Gnomo é extremamente benéfica. – Disse o Sr.
Lovegood, pegando os dedos esticados de Luna e examinando a marca do sangramento.-
Luna, meu amor, se sentir algum talento urgindo hoje – talvez uma vontade inesperada de
cantar ópera ou declarar em Mermáico – não se reprima! Você pode ter sido presenteado
pelos Gernumblies!
Ron, passando na direção oposta deixou escapar uma gargalhada alta.
- Pode rir Ron, - disse Luna serenamente enquanto Harry a guiava junto com
o pai para seus assentos, - mas meu pai fez muita pesquisa sobre a magia Gernumbli.
-Sério? – disse Harry, que há muito havia decidido não confrontar Luna e as
visões peculiares do seu pai. – Tem certeza que não deseja por nada na mordida?
-Oh, está tudo certo, - disse Luna, sugando seu dedo em um delírio sublime e
medindo Harry. – Você parece esperto. Eu disse para Papai que a maioria ia usar roupas
formais, mas papai disse que precisamos usar cores do sol em um casamento, para trazer
sorte, você sabe.
Enquanto ela ia atrás do pai, Ron reapareceu de braços dados com um
senhora de nariz pontudo, olhos vermelhos, e couraça rosa que a deixou semelhante a um
flamingo mal humorado.
- E seu cabelo é tão comprido, Ronald, que por um momento eu pensei que fosse
a Gina. Pelas barbas de Merlim, o que Xenófilo Lovegood está usando? Ele parece uma
omelete. E quem são vocês? – ela rosnou para Harry
- Ah sim, Tia Muriel, esse é seu sobrinho Barny.
- Mais um Weasley? Vocês se espalham como gnomos. Harry Potter não
está aqui? Estava esperando encontra-lo. Eu pensei que ele fosse eu amigo, Ronald, ou você
estava simplesmente se gabando?
- Não – ele não pode vir.
- Humm. Deu uma desculpa, foi? Não é sensacional como dizem as fotos do
jornal, então. Eu estava ensinando à noiva como usar minha tiara, - ela gritou para Harry. –
Feito por elfos, você sabe, e está na família há séculos. Ela é uma garota bonita, mas
francesa. Bem, Bem, arranje-me um bom lugar, Ronald, eu tenho cento e sete anos e não
posso ficar em pé por muito tempo.
Ron fez um olhar significativo para Harry enquanto ele passava e não reapareceu
por um tempo. Quando, à seguir, eles se encontraram na entrada , Harry tinha mostrado os
lugares para uma dúzia de pessoas. A tenda estava quase cheia agora e pela primeira vez
não havia fila no exterior.
- Um pesadelo, aquela Muriel, - disse Ron, secando a sua testa com a manga. – Ela
costumava vir todo Natal, ai, graças a deus, ela se sentiu ofendida porque Fred e Jorge
colocaram uma bomba de bosta na sua cadeira no jantar. Papai sempre diz que ela vai tirálos
do testamento – como se eles se importassem, eles vão acabar mais ricos que qualquer
um na família, do jeito como estão indo... Uau, - ele completou, piscando rapidamente
enquanto Hermione se aproximava deles. – Você está incrível!
-Sempre o tom de surpresa, - disse Hermione, mas ela sorriu. Ela usava um vestido
lilás, muito leve com saltos altos que combinam; e o cabelo liso e brilhante. – Sua tia avó
Muriel não concorda, acabei de encontrá-la escadaria acima enquanto ela entregava a tiara
para Fleur. Ela disse, -“Ohhh querida, essa é a sangue ruim?” e então, “má postura e
tornozelos finos”.
-Não leve a sério, ele é rude com todos, - disse Ron.
-Falando sobe Muriel? – um inquieto Jorge, surgindo da tenda com Fred. –
Sim, ela acabou de dizer que as minhas orelhas são torcidas. Morcega velha. Eu gostaria
que o velho Tio Bilius ainda estivesse vivo; ele era risada certa em casamentos.
-Não foi ele que viu um Sinistro e morreu vinte e quatro horas depois? –
Perguntou Herminone.
- Bom, sim, ele estava um pouco estranho perto do fim, - concordou Jorge.
- Mas antes de ficar biruta ele era a vida e a alma de uma festa, - disse Fred. Ele
costumava secar uma garrafa de uísque de fogo, corria para a pista de dança, levantava a
roupa, e começava a tirar flores de lá.
- Realmente ele soa encantador, - disse Hermione, enquanto Harry explodia em
risadas.
- Por algum motivo nunca casou, - disse Ron.
- É, isso me intriga, -disse Hermione.
Eles estavam todos rindo tanto que ninguém percebeu um convidado atrasado, um
jovem de cabelos escuros, de nariz curvado e sobrancelhas grossas, até que ele entregou seu
convite a Ron e disse, com seus olhos voltados para Hermione: - Você está maravilhosa.
- Victor! – ela gritou, e deixou cair sua pequena bolsa de conta, que fez um
estampido desproporcionalmente alto. Enquanto ela tropeçava, corando, para arrumar a
bolsa, ela disse – Eu não sabia que você vinha – deuses – adorável te ver – como está?
As orelhas de Ron ficaram vermelhas vivo. Após olhar para o convite do Krum
como se não acreditasse em uma palavra dele, disse, muito alto, - Como você está aqui?
-A Fleur me convidou, - disse Krum, sobrancelhas erguidas.
Harry não tinha nada contra Krum, apertaram mãos, e sentindo que seria prudente
afastar Krum da vista do Ron, ofereceu-se para mostrar-lhe o assento.
- Seu amigo não parece feliz em me ver, - disse Krum, enquanto eles
entravam na tenda cheia. – Ou é seu parente? – Ele adicionou com um olhar para o cabelo
curto e crespo de Harry.
- Primos, - Harry murmurou, mas Krum não estava realmente ouvindo. Sua
aparição estava causando um frisson, particularmente entre as primas veelas: Ele era, afinal,
um famoso jogador de Quadribol. Enquanto as pessoas ficavam contorcendo os pescoços
para ter uma boa visão dele, Ron, Hermione, Fred e Jorge desceram apressados a nave.
-Hora de sentar-se, -Fred falou para Harry, - ou seremos pisoteados pela
noiva.
Harry, Ron e Hermione pegaram seus assentos na segunda coluna, atrás de
Fred e Jorge. Hermione parecia bem vermelha e as orelhas de Ron ainda estavam escarlate.
Após alguns momentos ele murmurou para Harry, - Você percebeu que ele parece mais
estúpido com aquela barbicha? – Harry deu um grunhido gutural.
Uma sensação de ansiedade preencheu a tenda quente, o burburinho
terminou em ocasionais risadas excitadas. Sr. e Sra. Weasley subiram para a nave com
passadas largas, sorrindo e acenando para seus familiares; Sra. Weasley estava usando uma
veste novíssima de cor ametista com um chapéu que combinava.
Um momento depois, Gui e Carlinhos ficaram em guarda à frente da tenda,
os dois usando casacas, com largas flores rosas no buraco dos botões; Fred assoviou e teve
uma explosão de risadinhas das primas veelas. Então a multidão ficou silenciosa enquanto a
música parecia surgir dos balões dourados.
- Uauuuu! – disse Hermione, circundando a cadeirta para olhar para a entrada.
Um número grande de bruxos e bruxas se amontoou enquanto Mounsieur Delacour e Fleur
subiam para a nave, Fleur deslizando, Mounsieur Delacour quicando e zanzando. Fleur
usava um vestido branco e simples que parecia emitir um forte brilho prateado. Enquanto
sua luminosidade natural diminuía todos ao redor, hoje ela parecia embelezar a todos que
tocava. Gina e Gabrielle, as duas usando vestidos dourados, pareciam ainda mais bonitas
que o usual e uma vez que Fleur o alcançou, Gui parecia que jamais tinha encontrado
Fenrir Greyback.
- Senhoras e senhores, - disse uma voz levemente musical, e com um pequeno
choque, Harry viu o mesmo pequenino, bruxo com cabelo de penacho que presidiu o
funeral de Dumbledore, agora à frente de Gui e Fleur. – Estamos reunidos aqui hoje para
celebrar a união dessas almas...
- Sim, minha tiara completou o conjunto, - disse tia Muriel em um sussuro um
tanto carregado. – Mas eu devo dizer, o vestido da Ginevra é um pouco curto demais.
Gina olhou ao redor, com um sorriso largo, confrontou Harry, e rapidamente se
virou para frente. A mente de Harry vagava longe da tenda, de volta às tardes que ele
passou sozinho com Gina nas partes solitárias da escola. Eles pareciam tão distantes; eles
sempre pareceram bons demais para ser verdade, como se ele estivesse roubando as horas
brilhantes da vida de uma pessoa normal, uma pessoa sem uma cicatriz em forma de raio na
testa...
-Você, Guilheme Arthur, aceita Fleur Isabelle...?
Na fileira da frente, Sra. Weasley e Madame Delacour estavam as duas soluçando
silenciosamente em pedaços de lenços. Sons parecidos com de trompete vindos da traseira
da tenda mostravam a todos que Hagrid tinha tirado seu próprio lenço do tamanho de uma
toalha de mesa. Hermione virou-se e mirou Harry; seus olhos estavam cheios de lágrima.
-... Então vos declaro ligados pela vida.
O bruxo de cabelo de penacho abanou sua mão sobre as cabeças de Gui e Fleur e
uma chuva de estrelas prateadas caiu sobre eles, espiralando ao redor da figura agora ligada
deles. Assim que Fred e Jorge iniciaram uma rodada de aplausos, os balões dourados
explodiram em som. Pássaros paradisíacos e pequenos sinos dourados voaram e flutuaram a
partir dos balões, adicionando sua música e tom à barulheira.
- Senhoras e Senhores! – Chamou o bruxo de cabelo de penacho. – Se vocês
puderem se levantar!
Todos se levantaram, tia Muriel grunhindo audivelmente; o bruxo balançou seu
braço novamente. O lugar no qual eles estiveram sentados se desfez graciosamente no ar
enquanto as paredes de lona da tenda sumiam, então eles ficaram em pé embaixo do dossel
suportado por colunas douradas, com uma visão gloriosa da luz do sol através do pomar e a
vizinhança campestre. A seguir, uma piscina de ouro derretido se espalhou para o centro da
tenda para formar uma pista de dança brilhante, as cadeiras deslizantes se agruparam em
torno de uma pequena mesa coberta de branco, para a qual todas flutuaram graciosamente
para se alinharem em torno dela, e a banda de jaquetas douradas se agrupou perto de um
pódio.
- Legal, - disse Ron aprovando enquanto os garçons apareciam de todos os
lados, segurando bandejas prateadas de suco de abóbora, cerveja amanteigada, uísque de
fogo, pilhas de sanduíches e tortas.
- Deveríamos ir parabenizá-los! – disse Hermione, ficando nas pontas dos dedos
para ver o lugar no qual Gui e Fleur tinham sumido no meio da multidão feliz.
- Teremos tempo mais tarde, - disse Ron, dando de ombros e pegando três
cervejas amanteigadas de uma travessa que passava, e deu uma para Harry. – Hermione,
espera, vamos pegar uma mesa... Não aqui! Nenhum lugar perto da Muriel.
Ron os liderou pela pista de dança vazia, olhando para direita e esquerda enquanto
iam; Harry tinha certeza que ele estava vigiando Krum. Quando eles alcançaram o outro
lado da tenda, a maioria das mesas estava ocupada: A mais vazia era a que Luna ocupava
sozinha.
- Tudo bem se a gente se unir a você? – Perguntou Ron.
- Ah sim, - disse alegremente. – Papai acabou de sair para dar um presente
para Gui e Fleur.
- O que vai ser, um estoque vitalício de tubérculos? – Perguntou Ron.
Hermione mirou um chute nele por baixo da mesa, mas acertou Harry. Com os
olhos lacrimejando em dor, Harry perdeu o foco da conversa por uns momentos.
A banda começou a tocar, Gui e Fleur entraram primeiro na pista de dança,
ovacionados; depois de um tempo, Sr. Weasley conduziu Madame Delacour pela pista,
seguido por Sra. Weasley e o pai de Fleur.
- Eu gosto dessa música, - disse Luna, balançando-se no tempo de uma
música parecida com uma valsa, e alguns segundos depois ela deslizou pela pista de dança,
onde se revolvia no mesmo lugar, quase sozinha, olhos fechados e balançando os braços.
- Ela é ótima, né? – Disse Ron admirado – Sempre valorosa.
Mas o sorriso sumiu rapidamente da sua face: Victor Krum apareceu no
espaço deixado por Luna. Hermione parecia embaraçosamente satisfeita, mas dessa vez
Krum não tinha vindo para bajulá-la. Franzindo a testa ele disse: - Quem é aquele homem
de amarelo?
-Aquele é Xenófilo Lovegood, pai de uma amiga nossa. - falou Rony. Seu
tom agressivo indicou que não estavam a ponto de rir de Xenófilo, apesar da clara
provocação. -Venha dançar... -, acrescentou abruptamente para Hermione.
Ela olhou para trás, satisfeita, e se levantou.
Eles desapareceram juntos na crescente multidão da pista de dança.
-Ah, eles estão juntos agora?- perguntou Krum, momentaneamente distraído. -
Er... de certa forma, -respondeu Harry.
-Quem é você?- Perguntou Krum.
-Barny Weasley.
-Você, Barny, você conhece esse Lovegood bem?
-Não, o conheci hoje. Por que?
Krum olhou por cima de seu drink, observando Xenófilo, que estava conversando
com muitas pessoas do outro lado da pista de dança.
- Porque..- respondeu Krum - se ele não é um convidado de Fleur, duelarei com
ele, aqui e agora, para ver aquela marca imunda em seu peito!
- Marca?- perguntou Harry, olhando para Xenófilo também. Um estranho olho
triangular estava brilhando em seu peito. -Por que? O que há de errado?
-Grindelvald. É a marca de Grindelvald.
-Grindelvald... O bruxo das trevas que Dumbledore derrotou?
-Exatamente.
Os músculos maxilares de Krum se contraíram, então ele falou:
- Grindelvald matou muitas pessoas. Meu avô, por exemplo. Claro, ele não era
poderoso neste país, dizem que temia Dumbledore... e de fato, veja como tudo acabou. Mas
este – disse, apontando o dedo para Xenófilo – este é seu símbolo, eu reconheci de
imediato: Grindelvald o esculpiu em uma parede em Durmstrang quando era um aluno.
Alguns otários o copiaram em seus livros e roupas querendo chocar, para parecerem
impressionantes... e até pessoas que perderam membros de suas famílias para Grindelvald
começaram a vê-los com outros olhos.
Krum estalou as suas juntas ameaçadoramente e lançou outro olhar para Xenófilo.
Harry ficou perplexo. Parecia incrivelmente improvável que o pai de Luna apoiasse as
Artes das Trevas, e ninguém mais na tenda parecia haver reconhecido o símbolo triangular.
- Você… er… tem certeza que é de Grindelvald?
- Não me engano – disse Krum friamente. – Passei por esse símbolo durante vários
anos, conheço-o bem.
- Bom, há uma chance – disse Harry – que Xenófilo não saiba exatamente o que
significa, os Lovegood são bem… diferentes. Ele poderia facilmente ter pego em algum
lugar e achado que é um corte transversal da cabeça de um Bufador de Chifre Enrugado ou
algo do gênero.
Um pedaço de quê?
- Eu não sei o que eles são, mas aparentemente, ele e a filha saíram nas férias para
procurá-los...
Harry achou que estava fazendo um péssimo trabalho ao tentar explicar Luna e seu
pai.
- Aquela é a filha – ele disse, apontando para Luna, que ainda dançava sozinha,
movendo os braços ao redor da cabeça como se alguém estivesse tentando acerta-la com
gnomos.
- Por que ela está fazendo aquilo? – perguntou Krum.
- Provavelmente está tentando se livrar de um zonzóbulo “wrackspurt” – disse
Harry, que reconheceu os sintomas.
Krum pareceu não entender se Harry estava zombando dele. Ele tirou a varinha de
dentro da túnica e fez com ela um gesto significativo sobre a coxa; fagulhas saíram da
ponta.
- Gregorovitch – disse Harry em voz alta, Krum percebeu, mas Harry estava
muito excitado para se preocupar; a memória havia voltado a ele quando viu a varinha de
Krum. Lembrou de Olivaras pegando-a e examinando-a cuidadosamente antes do Torneio
Tribruxo.
- O que tem ele? – Krum perguntou, intrigado.
- Ele é fabricante de varinhas!
- Eu sei disso – respondeu Krum.
- Ele fez sua varinha. Então eu pensei… Quadribol…
Krum olhava para ele mais e mais intrigado.
- Como você sabe que Gregorovitch fez minha varinha?
- Eu… eu li em algum lugar. Acho – disse Harry – em uma revista de fãs... – ele
improvisou e Krum olhou para ele convencido.
- Não sabia que discutiam a minha varinha nas revistas de fãs – ele disse.
- Então... Er… Onde está Gregorovitch atualmente?
Krum pareceu confuso.
- Ele se aposentou há muitos anos. Fui um dos últimos a comprar uma varinha de
Gregorovitch. São as melhores... Embora, claro, eu saiba que vocês ingleses compram as de
Olivaras. Harry não respondeu. Ele fingiu observar os dançarinos, como Krum, mas estava
pensando. Então Voldemort estava procurando por um famoso fabricante de varinhas, e
Harry não havia percebido o motivo. É claro que foi por causa daquilo que a varinha de
Harry fez quando Voldemort o perseguira pelos céus. A varinha de azevinho e pena de
fênix havia vencido a emprestada, algo que Olivaras não havia previsto ou entendido. Será
que Gregorovitch saberia? Seria ele realmente mais habilidoso que Olivaras, será que ele
saberia segredos de varinhas que Olivaras não conhecia?
- Essa garota é muito bonita – disse Krum, trazendo Harry de volta à realidade.
Krum apontava para Gina, que estava divertindo Luna. – Ela também é sua parente?
- Sim – disse Harry, repentinamente irritado. – E ela está saindo com alguém. Um
tipo ciumento. Um cara grande. Você não gostaria de se topar com ele.
Krum grunhiu: - Qual a vantagem – disse ele, secando sua taça e levantando-se
novamente – de ser um jogador de Quadribol famoso internacionalmente se todas as
garotas bonitas já têm alguém?
E saiu de perto da mesa, deixando Harry livre para apanhar um sanduíche de um
garçom que passava e dar uma volta pela pista de dança. Queria avisar Ron do que havia
descoberto sobre Gregorovitch, mas ele estava dançando com Hermione bem no meio da
pista.
Harry se apoiou contra um dos pilares dourados e observou Gina, que agora
dançava com Lino Jordan, amigo de Fred e Jorge, tentando não ficar chateado pela
promessa que fizera a Ron.
Ele nunca havia ido a um casamento antes, então não sabia avaliar o quanto as
celebrações dos bruxos eram diferentes das dos trouxas, embora estivesse agradavelmente
certo de que as dos trouxas não envolveriam um bolo de casamento com dois tipos de fênix
em cima, que voavam quando o bolo fosse cortado, ou garrafas de champagne que
flutuavam sobre a multidão. Conforme a tarde avançava, mariposas começavam a pousar
sobre o dossel, agora iluminado por lanternas douradas voadoras, a festança ficava mais e
mais descontrolada. Fred e Jorge já haviam desaparecido na escuridão com um par de
primas de Fleur; Carlinhos, Hagrid e um bruxo gordinho com o rosto levemente arroxeado
cantavam alegremente "Ode a um Herói" em um canto.
Perambulando pela multidão tentando escapar de um tio bêbado de Ron que havia
teimado que Harry era seu filho, Harry mirou um velho bruxo sentado sozinho em uma
mesa. Sua nuvem de cabelos brancos o deixava mais parecido com um antigo relógio. Ele
parecia familiar. Esforçando o cérebro, Harry subitamente percebeu que era Elfias Doge,
membro da Ordem da Fênix e autor do obituário de Dumbledore.
Harry se aproximou dele.
- Posso me sentar?
- Claro, claro – disse Doge; ele tinha uma voz rouca, ligeiramente asmática.
Harry se inclinou para perto dele.
- Sr. Doge, eu sou Harry Potter.
Doge engasgou.
- Meu caro menino! Arthur me disse que você estaria aqui, disfarçado... Estou tão
contente, tão honrado!
Tremendo, com uma satisfação nervosa, Doge derramou sobre Harry uma taça de
champagne.
- Pensei em escrever para você – sussurrou – após Dumbledore... O choque... E
para você, tenho certeza...
Seus olhos miúdos brilharam com lágrimas repentinas.
- Vi o obituário que você escreveu para o Profeta Diário – disse Harry. – Não
sabia que conhecia o Professor Dumbledore tão bem.
- Tão bem como qualquer um – disse Doge, secando os olhos com um guardanapo.
– Eu certamente o conhecia há mais tempo, sem contar Aberforth... E não sei por que,
ninguém nunca o conta.
- Falando no Profeta Diário… Não sei se o Sr. viu, Sr. Doge...?
- Por favor, me chame de Elfias, caro rapaz.
- Elfias, não sei se você viu a entrevista que Rita Skeeter deu sobre Dumbledore?
A face de Doge ficou imediatamente avermelhada.
- Oh sim, Harry, eu vi. Aquela mulher, ou urubu, seria um termo mais adequado,
ela positivamente me importunou a falar com ela, tenho vergonha de dizer que fui um tanto
rude, disse que era uma truta intrometida, o que resultou, como você deve ter visto, em
indiretas a respeito da minha sanidade.
- Bom, nessa entrevista – Harry continuou – Rita Skeeter insinuou que o Professor
Dumbledore estava envolvido com as Artes das Trevas quando jovem.
- Não acredite em uma única palavra disso! – disse Doge, de uma só vez. –
Nenhuma Harry! Não deixe que nada macule suas lembranças de Alvo Dumbledore!
Harry olhou para a face estreita e enrugada de Doge e se sentiu, não receoso, mas
frustrado. Será que Doge realmente achava que seria tão fácil, que Harry poderia
simplesmente escolher não acreditar? Ele não entendia que Harry precisava ter certeza,
saber tudo?
Talvez Doge houvesse suspeitado dos sentimentos de Harry, pois pareceu
interessado e preocupado.
- Harry, Rita Skeeter é uma maldita...
Mas foi interrompido por um cacarejo estridente.
- Rita Skeeter? Oh, eu a amo, sempre leio sua coluna!
Harry e Doge olharam para cima e viram Tia Muriel parada ali, com plumas
dançando em seu cabelo, uma taça de champanhe na mão.
- Ela está escrevendo um livro sobre Dumbledore, vocês sabem!
- Olá, Muriel – disse Doge. – Sim, estávamos justamente discutindo...
- Você aí, me dê sua cadeira! Eu tenho cento e sete anos!
Outro primo Weasley ruivo pulou de seu assento, parecendo alarmado, e a Tia
Muriel mergulhou nele com surpreendente agilidade e se acomodou entre Doge e Harry.
- Olá, novamente, Barny ou o que quer que seja – disse a Harry. – Agora, sabem o
que estão falando de Rita Skeeter, Elfias? Ela está escrevendo uma biografia de
Dumbledore. Mal posso esperar para ler. Devo lembrar de encomendar uma cópia na
Floreios e Borrões!
Doge parecia sério e solene, mas tia Muriel secou a taça em um gole e estalou os
dedos ossudos para um garçom que passava voltar a enchê-la. Então, tomou um grande
gole, arrotou e disse:
- Não precisam ficar me olhando como um par de sapos empalhados! Antes de se
tornar tão respeitado e reverenciável e tudo o mais, houve uns rumores engraçados sobre
Alvo!
- Fofocas. – disse Doge, ficando novamente vermelho.
- Você pode dizer isso, Elfias – cacarejou Tia Muriel. – Já notei como você passou
por cima de certos assuntos naquele seu obituário!
- Sinto muito que você pense assim – disse Doge, ainda mais frio. – Garanto a
você que escrevi de coração.
- Oh, todos sabemos como você idolatrava Dumbledore; ouso mesmo dizer que
você ainda acha que ele seja um santo mesmo que isso signifique esquecer o que ele fez
com sua irmã Aborto!
- Muriel! – exclamou Doge.
Um arrepio que não tinha nada a ver com a champanhe gelada foi sentido dentro
do peito de Harry.
- O que você quer dizer? – ele perguntou a Muriel. – Quem disse que a irmã dele
era um aborto? Pensei que ela fosse doente.
- Então você pensou errado, não é, Barry? – disse tia Muriel, parecendo deliciada
com o efeito de suas palavras. – De qualquer forma, como você poderia esperar saber algo
sobre esse assunto? Tudo aconteceu muitos anos antes de você ser sequer um pensamento,
meu querido, e a verdade é que aqueles de nós que já eram vivos nunca souberam o que
realmente aconteceu. Por isso eu não posso esperar para ver o que Skeeter descobriu!
Dumbledore manteve sua irmã escondida por muito tempo!
- Não é verdade! – ofegou Doge. – Absolutamente falso!
- Ele nunca me disse que a irmã era um aborto – disse Harry, sem pensar, ainda
gelado por dentro.
- E por que motivo ele diria isso a você? – guinchou Muriel, se remexendo um
pouco no assento enquanto tentava focalizar Harry.
- O motivo pelo qual Alvo nunca falou de Ariana – começou Elfias, com a voz
embargada pela emoção – é, devo imaginar, muito claro. Ele esteve tão devastado com sua
morte...
- E por que ninguém mais a viu, Elfias? – grasnou Muriel. – Por que metade de
nós sequer sabia que ela existia até que eles carregaram o caixão para fora da casa e fizeram
um funeral para ela? Onde estava o santo Alvo enquanto Ariana esteve trancada no porão?
Certamente brilhando em Hogwarts, e deixando de lado o que acontecia em sua própria
casa!
- O que você quer dizer com trancada no porão? – perguntou Harry. – O que é
isso?
Doge parecia miserável. Tia Muriel cacarejou novamente e respondeu a Harry:
A mãe de Dumbledore era uma mulher terrível, simplesmente terrível. Nascida
trouxa, embora eu já tenha ouvido que ela fingia ser outra coisa...
- Ela nunca fingiu nada assim! Kendra era uma boa mulher – sussurrou Doge,
angustiado, mas Tia Muriel o ignorou.
- É o que você diz, Elfias, mas explique, então, por que ela nunca foi a Hogwarts!
– disse Tia Muriel. Ela voltou-se para Harry. – em nossa época, Abortos eram
freqüentemente renegados, embora fosse um extremo aprisionar uma garotinha em casa e
fingir que ela não existia...
- Estou dizendo, isso não aconteceu! – disse Doge, mas Tia Muriel apenas evirou
os olhos, ainda se dirigindo a Harry.
- Abortos eram normalmente enviados a escolas trouxas e encorajados a integrar a
comunidade trouxa... Muito melhor que tentar encontrar para eles um lugar no mundo
mágico, onde sempre seriam cidadãos de segunda classe, mas naturalmente Kendra
Dumbledore nem sonharia em deixar a filha ir a uma escola trouxa...
- Ariana era doente! – disse Doge, desesperadamente. – Sua saúde sempre foi
frágil para permitir que ela...
- Para permitir que ela saísse de casa? – cacarejou Muriel. – E ainda assim ela
jamais foi levada a Hospital St. Mungus e nenhum Curandeiro jamais a viu?
- Realmente, Muriel, como você pode saber se...
- Para sua informação, Elfias, meu primo Lancelot era um Curandeiro em St.
Mungus naquela época, e ele falou para minha família em estrita confidência que Ariana
nunca foi vista ali. Lancelot achava isso muito suspeito!
Doge parecia estar à beira das lágrimas. Tia Muriel, que parecia
enormemente satisfeita consigo mesma, estalou os dedos em busca de mais champanhe.
Harry pensou nebulosamente em como os Dursley já haviam feito ele se calar, trancando-o,
mantido-o em segredo, tudo pelo crime de ser um bruxo. Teria a irmã de Dumbledore
sofrido o mesmo destino ao contrário: aprisionada por sua falta de magia? E teria
Dumbledore realmente deixado-a ao sabor do seu destino enquanto ia para Hogwarts e
mostrava como era talentoso e brilhante?
- Agora, se Kendra não houvesse morrido antes – resumiu Muriel – eu diria
que foi ela que acabou com Ariana...
- Como você pode, Muriel! – grunhiu Doge – Uma mãe matar a própria
filha? Pense no que está dizendo!
- Se a própria mãe for capaz de aprisionar a própria filha por anos a fio, por
que não? – volveu Tia Muriel, pensativamente. –Mas eu digo, se não fosse por Kendra ter
morrido antes de Ariana, ninguém teria certeza disso.
-Sim, Ariana fez uma tentativa desesperada para se libertar e matou Kendra-
disse Tia Muriel pensativamente– balance a cabeça o quanto quiser, Elfias. Você esteve no
funeral de Ariana, não?
- Sim, estive – disse Doge, com os lábios trêmulos – E foi a situação mais
triste e desesperadora que posso me lembrar. Alvo estava com o coração partido...
- Seu coração não era a única coisa. Não se lembra que Aberforth quebrou o
nariz de Alvo a caminho da cerimônia fúnebre?
Se Doge já parecia aterrorizado antes disso, não era nada em comparação
com seu aspecto agora. Muriel poderia tê-lo apunhalado. Ela cacarejou em voz alta e tomou
outro gole de champanhe, que escorreu por seu queixo.
- Como você... – crocitou Doge.
- Minha mãe era amiga da velha Bathilda Bagshot – disse Tia Muriel,
alegremente. – Bathilda descreveu tudo para minha mãe e eu escutei atrás da porta. Uma
rixa ao lado do caixão. Pelo que Bathilda disse, Aberforth gritou que era tudo culpa de
Alvo, que Ariana estava morta e então socou sua cara. De acordo com Bathilda, Alvo
sequer se defendeu, e isso já foi bem esquisito. Alvo poderia ter destruído Aberforth em um
duelo com as duas mãos amarradas nas costas.
Muriel tomou ainda mais champanhe.
A narrativa de todos aqueles escândalos parecia entretê-la tanto quanto
horrorizava Doge. Harry não sabia o que pensar, em que acreditar. Ele queria a verdade e
ainda assim tudo o que Doge fazia era ficar ali sentado repetindo fracamente que Ariana
estivera doente. Harry mal podia acreditar que Dumbledore não tivesse interferido na
tamanha crueldade que aconteceu dentro de sua própria casa, e ainda assim, havia algo
indubitavelmente estranho na história.
- E vou dizer mais – continuou Muriel, soluçando alto ao pousar a taça. –
Acho que Bathilda entregou tudo a Rita Skeeter. Todas essas notas na entrevista da Skeeter
sobre uma fonte importante perto dos Dumbledores... Deus sabe que ela esteve por lá
durante toda essa coisa com a Ariana, e poderia ser ela!
- Bathilda jamais falaria para Rita Skeeter – sibilou Doge.
- Bathilda Bagshot? – Harry disse. – A autora de História da Magia?
O nome estivera impresso na capa de um dos livros escolares de Harry, embora ele
admitisse que não lera com muita atenção.
- Sim – disse Doge, se agarrando a pergunta como um homem afogado que
se agarra a uma bóia. – Uma das melhores historiadoras mágicas e velha amiga de Alvo.
- Meio gagá atualmente, ouvi dizer – acrescentou Tia Muriel animadamente.
- Se é assim, é ainda mais vergonhoso para Skeeter tirar vantagem dela – disse
Doge, - e nenhum crédito pode ser dado a o que Bathilda tenha dito!
- Oh, há maneiras de trazer de volta as memórias, e tenho certeza que Rita
Skeeter conhece todas elas – disse Tia Muriel. – Mas mesmo se Bathilda estiver
completamente lelé, tenho certeza que ainda tem velhas fotografias, talvez até cartas. Ela
conhecia os Dumbledores há anos… Bem, valeria uma viagem a Godric´s Hollow,eu
penso.
Harry, que estivera tomando um gole de cerveja amanteigada, engasgou.
Doge bateu em suas costas enquanto ele tossia, olhando para Tia Muriel por entre as
lágrimas
Quando recobrou o controle da voz, ele perguntou:
- Bathilda Bagshot mora em Godric's Hollows?
- Oh sim, ela está lá há uma eternidade! Os Dumbledore se mudaram para lá
depois que Percival foi preso, e ela era a vizinha.
- Os Dumbledores moravam em Godric's Hollows?
- Sim, Barry, foi o que eu acabei de dizer – reiterou Tia Muriel.
Harry se sentiu sugado, vazio. Nunca, jamais, em seis anos, Dumbledore havia dito a Harry
que ambos haviam vivido e perdido pessoas queridas em Godric's Hollow. Por quê? Será
que Lílian e Tiago haviam sido enterrados perto da irmã e da mãe de Dumbledore? Teria
ele visitado suas sepulturas, talvez caminhado até a de Lílian e de Tiago para isso? E ele
nunca contara a Harry… Jamais se importou em dizer...
E porque isso era importante, Harry não poderia explicar nem para si mesmo, mas mesmo
assim sentia que era quase uma mentira não contar a ele que tinham essas experiências em
comum. Ele se ergueu, mal notando o que acontecia ao seu redor, e não percebeu que
Hermione surgira da multidão até que se deixou cair em uma cadeira ao seu lado.
- Eu simplesmente não posso mais dançar... – ela ofegou, tirando um dos
sapatos e esfregando a sola do pé. – Ron foi procurar mais cervejas amanteigadas. É um
pouco estranho, eu acabei de ver Victor se afastando do pai da Luna, parecia que eles
tinham discutido... – ela baixou a voz, olhando para ele – Harry, você está bem?
Harry não sabia por onde começar, mas isso não importava, naquele
momento, alguma coisa grande e prateada baixou do dossel até a pista de dança.
Gracioso e brilhante, o lince pousou levemente no meio dos dançarinos atônitos. Cabeças
se viraram, os mais próximos congelaram no meio da dança. Então a boca do patrono se
abriu e ele falou com a voz profunda e lenta de Kingsley Shaklebolt:
- O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão chegando.

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