Harry poter está aguardando na rua dos Alferneiros. A Ordem da Fênix chegará em breve para trasferi-lo, em segurança, do endereço de sua familia trouxa, sem que Valdemort e seus seguidores saibam. A partir daí, o que Harry deverá fazer? Como será capaz de cumprir a missão, aparentemente impossível, que Dumbledore lhe deixou?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Suborno (capítulo onze)

                      



Se Monstro conseguira escapar de um lago repleto de Inferi, Harry confiou
que a captura de Mundungo levaria pouco tempo, e caminhou pela casa a manhã toda, em
constante expectativa. Monstro, porém, não voltou naquela manhã, e nem mesmo naquela
tarde. Ao anoitecer, Harry se sentia desencorajado e ansioso, e um jantar constituído
essencialmente de pão mofado, sobre o qual Hermione tinha tentado uma série de
transfigurações, não ajudou em nada.
Monstro não retornou no dia seguinte, nem no outro. No entanto, dois
homens de capa haviam aparecido na praça à frente do número doze, e passaram a noite lá,
olhando na direção da casa que não conseguiam enxergar.
- Comensais da Morte, sem dúvida, - disse Rony, enquanto ele, Harry e
Hermione observavam da janela da sala de visitas. - Acham que eles sabem que estamos
aqui?
- Acho que não, - disse Hermione, embora parecesse amedrontada, - ou eles
teriam mandado Snape atrás de nós, não?
- Vocês acham que ele esteve aqui e teve sua língua amarrada pela maldição
do Moody?,- perguntou Rony.
- Sim, - disse Hermione, - ou ele teria conseguido dizer àquele bando como
entrar, não acha? Mas eles provavelmente estão vigiando para ver quando vamos aparecer.
Afinal, eles sabem que Harry é o dono da casa.
- Como eles –?, - começou Harry.
- Testamentos de bruxos são examinados pelo Ministério, lembra? Eles
sabem que Sirius deixou a casa para você.
A presença dos Comensais da Morte lá fora fazia crescer o ânimo sinistro
dentro do número doze. Eles não tinham ouvido sequer uma palavra de alguém de fora do
Largo Grimmauld desde a aparição do Patrono do Sr. Weasley, e a tensão começava a ficar
aparente. Inquieto e irritado, Rony desenvolveu o incômodo hábito de brincar com o
apagueiro em seu bolso: isso enfurecia particularmente Hermione, que tentava passar o
tempo da espera estudando os Contos de Beedle, o Bardo, e não gostava nem um pouco de
ver as luzes se acendendo e apagando.
- Dá para parar com isso? - ela gritou na terceira noite da ausência de
Monstro, quando toda a luz foi sugada da sala mais uma vez.
- Desculpa, desculpa! - disse Rony, clicando o apagueiro e reacendendo as
luzes. - Eu faço isso sem perceber!
- Que tal encontrar algo de útil para se ocupar?
- O quê, algo como ler histórias infantis?
- Dumbledore me deixou este livro, Rony –
- - e ele me deixou o apagueiro, talvez eu deva usá-lo!
Não agüentando mais a picuinha, Harry se esgueirou para fora do quarto sem
ser percebido por nenhum dos dois. Desceu as escadas em direção à cozinha, que ele
sempre visitava por ter certeza de que seria o lugar onde Monstro provavelmente
apareceria. Na metade da escada, no entanto, ele ouviu uma batida na porta da frente, e
depois estalidos metálicos e o ranger de correntes.
Cada nervo em seu corpo pareceu se enrijecer: ele sacou a varinha, se
escondeu nas sombras ao lado das cabeças de elfos decapitadas, e aguardou. A porta se
abriu: ele vislumbrou a praça à luz das lâmpadas lá fora, e um vulto encapuzado adentrou o
salão e fechou a porta atrás de si. O intruso deu um passo à frente, e a voz de Moody
perguntou, “Severo Snape?” Então a figura de pó se ergueu do fundo do salão e se moveu
rapidamente, levantando sua mão morta.
- Não fui eu que matei você, Alvo, - disse uma voz tranqüila.
O feitiço se quebrou. A figura explodiu novamente, e se tornou impossível
distinguir o recém-chegado na nuvem cinza deixada pela explosão.
Harry apontou sua varinha bem para o meio da nuvem.
- Não se mova!
Ele tinha se esquecido do retrato da Sra. Black: ao som de seu grito, as cortinas
que a escondiam se abriram de repente, e ela começou a gritar: “Sangue-ruins e escória
desonrando minha casa – ”
Rony e Hermione vieram despencando escada abaixo atrás de Harry, varinhas
apontadas, como a dele, para o homem desconhecido, agora de pé, com os braços erguidos,
no meio do salão.
- Não atirem, sou eu, Remo!
- Graças a Deus, - disse Hermione, sem forças, apontando sua varinha para a Sra.
Black; com um estrondo as cortinas se fecharam zunindo, e o silêncio voltou. Rony também
abaixou sua varinha, mas Harry, não.
- Mostre-se!, - ele gritou.
Lupin se moveu para a luz, mãos ainda erguidas num gesto de rendição.
- Eu sou Remo João Lupin, lobisomem, algumas vezes conhecido como Aluado,
um dos quatro criadores do Mapa do Maroto, casado com Ninfadora, mais conhecida como
Tonks, e ensinei a você como produzir um Patrono, Harry, que tem a forma de um cervo.
- Ah, tudo bem, - disse Harry, abaixando sua varinha,- mas eu tinha que conferir,
não é mesmo?
- Falando como seu ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, eu
concordo plenamente que você precisava conferir. Rony, Hermione, vocês não deviam
baixar suas defesas tão rapidamente.
Eles correram escada abaixo até ele. Enrolado numa grossa capa de viagem preta,
ele parecia exausto, mas satisfeito por vê-los.
- Nenhum sinal de Severo? - perguntou.
- Não, - disse Harry. - O que está acontecendo? Estão todos bem?
- Sim, - disse Lupin, - mas estamos todos sendo vigiados. Há uma dupla de
Comensais da Morte na praça lá fora –
- Nós sabemos –
- Precisei aparatar exatamente no último degrau da porta da frente para ter certeza
de que eles não me veriam. Eles não sabem que vocês estão aqui, ou mais pessoas estariam
lá fora. Eles estão apostando em todos os lugares que tenham alguma conexão com você,
Harry. Vamos descer, tenho muito para contar a vocês, e quero saber o que aconteceu
depois que vocês deixaram a Toca.
Eles desceram para a cozinha, onde Hermione apontou sua varinha para a lareira.
Uma chama brotou imediatamente, dando a ilusão de aconchego às austeras paredes de
pedra e iluminando a comprida mesa de madeira. Lupin tirou algumas cervejas
amanteigadas de dentro de sua capa, e eles se sentaram.
- Eu deveria ter chegado aqui há três dias, mas precisava despistar os Comensais
da Morte que estavam me seguindo, - disse Lupin. - Vocês vieram direto para cá depois do
casamento?
- Não, - disse Harry, - só depois de termos dado de cara com alguns comensais da
morte num café em Tottenham Court Road*.
Lupin derramou quase toda a cerveja amanteigada.
- O quê?
Eles explicaram o que tinha acontecido. Quando terminaram, Lupin parecia
horrorizado.
- Mas como eles encontraram vocês tão rápido? É impossível rastrear alguém que
esteja aparatando, a não ser que você consiga segurá-lo enquanto desaparecer!
- E não parece provável que eles estivessem simplesmente passeando por
Tottenham Court Road naquele momento, parece? - disse Harry.
- Nós nos perguntamos, - disse Hermione, insegura, - será que Harry poderia ainda
ter o Rastro?
- Impossível, - disse Lupin. Rony fez um ar convencido, e Harry se sentiu
imensamente aliviado.- Além de tudo, se Harry ainda estivesse com o Rastro, eles sem
dúvida saberiam que ele está aqui, não acham? Mas não consigo compreender como eles
podem ter seguido vocês até Tottenham Court Road, isso é muito preocupante.
Ele parecia perturbado, mas para Harry aquela pergunta podia esperar.
- Conte-nos o que aconteceu depois que saímos, não ouvimos nada desde que o pai
de Rony nos contou que a família estava a salvo.
- Bem, Quim nos salvou, - disse Lupin. - Graças ao aviso dele a maior parte dos
convidados do casamento conseguiu desaparatar antes que eles chegassem.
- Eles eram Comensais da Morte ou pessoal do Ministério?, - interrompeu
Hermione.
- Uma mistura; mas para todos os fins, eles são a mesma coisa, agora, - disse
Lupin. - Havia cerca de uma dúzia deles, mas eles não sabiam que você estava lá, Harry.
Arthur ouviu rumores de que eles tentaram torturar Scrimgeour, antes de o matarem, para
saber do seu paradeiro. Se for verdade, ele não denunciou você.
Harry olhou para Rony e Hermione; suas expressões refletiam o misto de choque e
gratidão que ele sentia. Ele nunca gostara muito de Scrimgeour, mas se aquilo era verdade,
o ato final dele havia sido tentar proteger Harry.
- Os Comensais da Morte reviraram a Toca de cabeça para baixo, - Lupin
continuou. - Eles encontraram o vampiro, mas não quiseram chegar muito perto – e então
tentaram interrogar o resto de nós por horas a fio. Eles estavam tentando obter informações
sobre você, Harry, mas claro que ninguém além da Ordem sabia que você tinha estado lá.
- Ao mesmo tempo em que estavam destruindo o casamento, mais Comensais da
Morte invadiam todas as casas ligadas à Ordem no país. Sem mortes, - ele acrescentou
rapidamente, antecipando a pergunta, - mas eles foram duros. Queimaram a casa de Dédalo
Diggle – que, como vocês sabem, não estava lá, e usaram a Maldição Cruciatus na família
da Tonks. Mais uma vez, eles estavam tentando descobrir para onde você tinha ido depois
de visitá-los. Eles estão bem – abatidos, é claro, mas ainda assim, bem.
- Os Comensais da Morte conseguiram passar por todos aqueles feitiços de
proteção?- perguntou Harry, lembrando-se de como haviam sido eficazes na noite em que
ele despencara no jardim dos pais de Tonks.
- O que você precisa entender, Harry, é que os Comensais da Morte agora têm
todo o poder do Ministério a seu favor,- disse Lupin. - Eles têm poder para realizar alguns
feitiços terríveis sem medo de serem identificados ou presos. Eles conseguiram penetrar
todos os feitiços que havíamos lançado para nos proteger deles, e, uma vez dentro, eles
foram bastante diretos sobre a razão de estarem ali.
- E eles estão preocupados em dar alguma desculpa para torturarem as pessoas em
busca de informação sobre o Harry? - perguntou Hermione, exasperada.
- Bem, - disse Lupin. Ele hesitou, e então puxou uma cópia dobrada do Profeta
Diário.
- Aqui, - ele falou, empurrando o jornal pela mesa até Harry, - você vai descobrir
mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma. Esse é o pretexto deles para perseguir você.
Harry alisou o papel. Uma imensa fotografia de seu próprio rosto se destacava na
primeira página. Ele leu a manchete sobre ela:
PROCURADO PARA INTERROGATÓRIO ACERCA DA MORTE DE
ALVO DUMBLEDORE
Rony e Hermione rugiram de indignação, mas Harry não disse nada. Empurrou o
jornal para longe; não queria ler mais: ele sabia o que estaria escrito. Ninguém além de
quem estivera no alto da torre quando Dumbledore morreu sabia quem realmente o matara,
e, como Rita Skeeter já havia dito ao mundo dos bruxos, Harry fora visto correndo do lugar
momentos após a queda de Dumbledore.
- Sinto muito, Harry, - disse Lupin.
- “Então os Comensais da Morte tomaram o Profeta Diário também? - perguntou
Hermione, furiosa.
Lupin assentiu.
- Mas com certeza as pessoas perceberam o que está acontecendo?
- O golpe foi suave e virtualmente silencioso, - disse Lupin. - A versão oficial do
assassinato de Scrimgeour é que ele renunciou; ele foi substituído por Pius Thicknesse, que
está sob a Maldição Imperius.
- Por que Voldemort não se declarou Ministro da Magia? - perguntou Rony.
Lupin riu.
- Ele não precisa disso, Rony. Ele é efetivamente o Ministro, mas por que ele
iria se sentar atrás de uma mesa no Ministério? Sua marionete, Thicknesse, está tomando
conta dos negócios cotidianos, deixando Voldemort livre para estender seu poder para além
do Ministério.
- Naturalmente muitas pessoas deduziram o que ocorreu. Houve uma
mudança tão dramática na política do Ministério nos últimos dias, que muitos andam
sussurrando que Voldemort deve estar por trás de tudo. Porém, essa é a questão: eles
apenas sussurram. Eles não ousam fazer confidências uns aos outros, pois não sabem em
quem confiar; estão assustados demais para protestar, caso suas suspeitas sejam verdadeiras
e suas famílias estejam na mira. Sim, Voldemort está jogando um jogo muito astuto.
Declarar-se poderia provocar rebelião aberta: permanecer oculto criou confusão, incerteza e
medo.
- E essa mudança dramática na política do Ministério,- perguntou Harry, -
envolve alertar toda a comunidade dos bruxos contra mim, ao invés de Voldemort?
- Sem dúvida, isso é uma parte, - respondeu Lupin, - e é um golpe de mestre.
Agora que Dumbledore está morto, você – o Menino Que Sobreviveu – sem dúvida se
tornaria o símbolo e o ponto de apoio para qualquer resistência contra Voldemort. Mas, ao
sugerir que você possa ter tido participação na morte do velho herói, Voldemort não apenas
colocou um preço pela sua cabeça, mas semeou medo e dúvida entre muitos que poderiam
defendê-lo.
- Enquanto isso, o Ministério começou a atuar contra os Nascidos-Trouxa.
Lupin apontou para o Profeta Diário.
- Olhem na página dois.
Hermione virou as páginas com a mesma expressão de repulsa que havia
mostrado ao manusear os Segredos das Artes das Trevas.
- “Registro de Nascidos-Troux”,- ela leu em voz alta. - “O Ministério da
Magia está realizando um recenseamento de todos os chamados ‘Nascidos-Trouxa’, para
entender melhor como eles vieram a ter segredos mágicos.
“Recentes pesquisas do Departamento de Mistérios revelaram que a magia
só pode ser passada de uma pessoa a outra quando bruxos se reproduzem. Quando não
existe comprovada ascendência de bruxos, portanto, os chamados Nascidos-Trouxa
provavelmente obtiveram poder mágico por furto ou uso da força.”
“O Ministério está determinado a extirpar tais usurpadores de poder
mágico, e para esse fim enviou um convite para que todos os chamados Nascidos-Trouxa
se apresentem para uma entrevista com a recentemente criada Comissão de Registro de
Nascidos-Trouxa.”
- As pessoas não vão deixar isso acontecer, - disse Rony.
- Isso está acontecendo, Rony, - disse Lupin. - Nascidos-Trouxa estão sendo
arrebanhados enquanto conversamos.
- Mas como eles poderiam ter ‘roubado’ magia? - perguntou Rony. -É
insano, se você pudesse roubar magia não haveria nenhum Aborto, haveria?
- Eu sei, - respondeu Lupin. - Ainda assim, a não ser que você possa
comprovar que tem ao menos um parente próximo bruxo, presume-se que você tenha
obtido seu poder mágico ilegalmente, e deva sofrer a punição.
Ron olhou de esguelha para Hermione, e então disse, - E se os puro-sangues
e mestiços admitirem um Nascido-Trouxa como parte de sua família? Eu diria a eles que
Hermione é minha prima –
Hermione segurou a mão de Rony e a apertou.
- Obrigada, Rony, mas eu não deixaria você –
- Você não terá escolha, - disse Ron impetuosamente, apertando de volta a
mão dela. - Vou explicar a você minha árvore genealógica para que você possa responder
perguntas sobre ela.
Hermione deu uma risada trêmula.
- Rony, nós estamos fugindo com Harry Potter, a pessoa mais procurada do
país, acho que isso não importa muito. Se eu fosse voltar para a escola seria diferente. O
que Voldemort está planejando para Hogwarts? - ela perguntou a Lupin.
- A freqüência agora é obrigatória para todos os jovens bruxos e bruxas, - ele
respondeu. - Isso foi anunciado ontem. É uma grande mudança, porque nunca havia sido
obrigatório antes. Claro, quase todos os bruxos e bruxas da Grã-Bretanha foram educados
em Hogwarts, mas seus pais tinham o direito de educá-los em casa ou enviá-los para o
exterior, se preferissem. Dessa forma, Voldemort terá toda a população de bruxos sob seu
domínio desde muito jovens. E também é uma outra forma de excluir os Nascidos-Trouxa,
porque os alunos devem receber Status de Sangue – o que significa que eles precisam ter
comprovado ao Ministério que possuem ascendência de bruxos – antes de obterem
permissão para freqüentar.
Harry se sentiu enojado e furioso: nesse momento, meninos e meninas de
onze anos, ansiosos, estariam contemplando pilhas de livros recém-comprados, alheios ao
fato de que eles nunca veriam Hogwarts, talvez nunca mais veriam suas famílias.
- Isso é... isso é... - ele murmurou, lutando para encontrar palavras que
expressassem o horror que sentia, mas Lupin apenas disse, calmamente, - Eu sei.
Lupin hesitou.
- Eu vou entender se você não puder confirmar isso, Harry, mas a Ordem
tem a impressão de que Dumbledore deixou uma missão para você.
- Sim, ele deixou”, respondeu Harry, - e Rony e Hermione sabem disso, e
vão comigo.
- Você pode me dizer do que se trata essa missão?
Harry olhou para o rosto precocemente enrugado, emoldurado por cabelos
grisalhos, e desejou poder dar outra resposta.
- Não posso, Remo, sinto muito. Se Dumbledore não contou, não acho que
eu possa fazê-lo.
- Imaginei que você fosse dizer isso, - disse Lupin, desapontado. - Mas eu
poderia ser útil para vocês. Vocês sabem quem sou, e sabem o que posso fazer. Eu poderia
ir com vocês e dar proteção. Não seria necessário me contar exatamente o que pretendem.
Harry hesitou. Era uma oferta tentadora, embora como manter sua missão
secreta se Lupin estivesse com eles o tempo todo, era algo que ele não conseguia imaginar.
Hermione, no entanto, parecia intrigada.
- Mas, e a Tonks? - ela perguntou.
- O que tem a Tonks? - disse Lupin.
- Bem, - respondeu Hermione, franzindo as sobrancelhas, - você está casado!
Como ela se sente sobre você vir conosco?
- Tonks vai estar perfeitamente segura, - disse Lupin. - Ela vai ficar na casa
de seus pais.
Havia algo estranho no tom de Lupin; era quase frio. Havia algo de estranho,
também, na idéia de que Tonks ficaria escondida na casa dos pais; afinal, ela era um
membro da Ordem, e, até onde Harry sabia, possivelmente desejaria estar no meio da ação.
- Remo, - disse Hermione cautelosamente, - está tudo bem... você sabe...
entre você e –
- Está tudo muito bem, obrigada, - respondeu Lupin imediatamente.
Hermione enrubesceu. Houve uma outra pausa, estranha e embaraçosa, e
então Lupin disse, com um ar de quem forçava a si mesmo a admitir algo desagradável, -
Tonks vai ter um bebê.
- Que maravilha! - guinchou Hermione.
- Excelente! - disse Rony, entusiasmado.
- Parabéns. - disse Harry.
Lupin deu um sorriso artificial, que mais parecia uma careta, e disse, -
Então... você aceita minha oferta? Três podem virar quatro? Não acho que Dumbledore
desaprovaria, afinal, ele me nomeou como seu professor de Defesa Contra as Artes das
Trevas. E devo dizer que acredito que enfrentaremos magia de um tipo que muitos de nós
jamais encontraram ou imaginaram.
Rony e Hermione olharam para Harry.
- Apenas – apenas para esclarecer, - ele disse. - Você quer deixar Tonks na
casa dos pais e ir embora conosco?
- Ela estará perfeitamente segura lá, eles cuidarão dela, - disse Lupin. Ele
falou com uma firmeza que beirava à indiferença. - Harry, tenho certeza que Tiago gostaria
que eu ficasse com você.
- Bem, - disse Harry, lentamente, - eu não. Tenho bastante certeza que meu
pai gostaria de saber por que você não está ficando com seu próprio filho, na verdade.
Lupin empalideceu. A temperatura na cozinha parecia ter caído uns dez
graus. Rony olhava ao redor como se tentasse memorizar a cena, enquanto o olhar de
Hermione dançava entre Harry e Lupin.
- Você não compreende. - disse Lupin, por fim.
- Explique, então. - disse Harry.
Lupin engoliu em seco.
- Eu – eu cometi um sério engano ao me casar com Tonks. Fiz isso a
despeito de um melhor julgamento, e me arrependo desde então.
- Entendo, - disse Harry, - então você vai simplesmente dar o fora nela e no
bebê e fugir conosco?
Lupin se ergueu de uma vez: sua cadeira virou, e ele encarou a todos com
tamanha ferocidade que Harry percebeu, pela primeira vez, a sombra de um lobo sob sua
face humana.
- Você não entende o que fiz à minha mulher e ao meu filho ainda não
nascido? Eu nunca deveria ter me casado com ela, eu a tornei uma renegada!
Lupin chutou a cadeira que havia derrubado.
- Você só me vê participando da Ordem, ou sob a proteção de Dumbledore
em Hogwarts! Você não sabe como a maior parte dos bruxos enxerga criaturas como eu!
Quando eles descobrem o que me aflige, eles mal falam comigo! Você não vê o que eu fiz?
Até mesmo a família dela tem repulsa ao nosso casamento, que pais gostariam de ver sua
única filha se casar com um lobisomem? E a criança – a criança –
Lupin puxava tufos de seu próprio cabelo. Ele parecia fora de si.
- Minha raça normalmente não procria! Ele vai ser como eu, estou
convencido disso – como posso me perdoar, quando sabidamente arrisquei transmitir minha
condição a uma criança inocente? E se, por algum milagre, ela não for como eu, então ela
vai estar cem vezes melhor sem um pai de quem sempre se envergonhará.
- Remo! - sussurou Hermione, com lágrimas nos olhos. - Não diga isso –
como qualquer criança poderia se envergonhar de você?
- Ah, não sei, Hermione, - disse Harry. - Eu ficaria bastante envergonhado
dele.
Harry não sabia de onde estava vindo aquela ira, mas ela o tinha
impulsionado a se levantar também. Lupin parecia ter recebido um soco dele.
- Se o novo regime considera que Nascidos-trouxa são ruins, - disse Harry, -
o que eles farão, então, com um meio-lobisomem cujo pai está na Ordem? Meu pai morreu
tentando proteger minha mãe e eu, e você acha que ele te diria para abandonar seu filho e ir
se aventurar conosco?
- Como – como você ousa? - disse Lupin. - Isso não tem nada a ver com um
desejo de – de perigo e glória pessoal – como você ousa sugerir algo tão –
- Acho que você anda muito audacioso, - disse Harry. - Está pensando em
tomar o lugar de Sirius –
- Harry, não! - implorou Hermione, mas ele continuou a encarar o rosto
furioso de Lupin.
- Eu nunca acreditaria nisso, - Harry disse. - O homem que me ensinou a
lutar contra os dementadores – um covarde.
Lupin sacou sua varinha tão rápido que Harry mal conseguiu alcançar a sua
própria; houve um estrondo, e ele foi jogado para trás, como se arremessado. Quando bateu
contra a parede da cozinha e deslizou para o chão, ainda teve um vislumbre da barra da
capa de Lupin desaparecendo pela porta.
- Remo, Remo, volte! - gritou Hermione, mas Lupin não respondeu. Um
momento depois eles ouviram a porta da frente bater.
- Harry! - exclamou Hermione. - Como você pôde?
- Foi fácil, - disse Harry. Ele se levantou. Podia sentir um galo se formando
no lugar em que sua cabeça batera na parede. Ainda estava tão cheio de fúria que tremia.
- Não olhe assim para mim! - rosnou para Hermione.
- Não desconte nela! - rosnou de volta Rony.
- Não – não – nós não devemos brigar! - disse Hermione, metendo-se entre
os dois.
- Você não deveria ter dito aquelas coisas para o Lupin, - Ron disse a Harry.
- Foi ele que pediu por isso, - disse Harry. Imagens fragmentadas se
sucediam em sua cabeça: Sirius passando pelo véu; Dumbledore suspenso em pleno ar,
derrotado; um jato de luz verde e a voz de sua mãe, implorando misericórdia...
- Pais, - continuou Harry, - não deveriam deixar seus filhos a não ser que – a
não ser que realmente seja necessário.
- Harry – - disse Hermione, estendendo uma mão para consolá-lo, mas ele
deu de ombros e saiu de perto, seus olhos fixos no fogo que Hermione havia conjurado. Ele
havia uma vez falado com Lupin naquela lareira, procurando ser tranqüilizado com relação
a Tiago, e Lupin o havia consolado. Agora o lívido rosto atormentado de Lupin parecia
flutuar à sua frente. Ele sentiu um embrulho no estômago de remorso. Nem Rony, nem
Hermione disseram nada, mas Harry sentiu que eles estavam se entreolhando pelas suas
costas, comunicando-se silenciosamente.
Ele se virou e os pegou abruptamente se virando para frente.
- Eu sei que não deveria tê-lo chamado de covarde.
- Não, você não deveria, - disse Rony, imediatamente.
- Mas ele está agindo como um covarde.
- Ainda assim... - disse Hermione.
- Eu sei, - retrucou Harry. - Mas se isso fizer com que ele volte para junto de
Tonks, terá valido a pena, não?
Ele não conseguia evitar o tom de súplica em sua voz. Hermione parecia
compreensiva, Ron, incerto. Harry desviou os olhos para baixo, pensando em seu pai. Teria
Tiago o apoiado no que ele dissera a Lupin, ou ele ficaria bravo com seu filho por ter
maltratado um de seus velhos amigos?
A cozinha silenciosa parecia vibrar com o choque da cena recente e com a
reprovação silente de Rony e Hermione. O Profeta Diário que Lupin trouxera ainda estava
sobre a mesa, o rosto de Harry na primeira página olhando para o teto. Ele foi até lá e se
sentou à mesa, abrindo o jornal ao acaso, e fingindo ler. Ele não conseguia absorver
qualquer palavra, sua cabeça ainda estava repleta de tudo o que ocorrera no encontro com
Lupin. Ele tinha certeza de que Rony e Hermione haviam retomado sua comunicação tácita
do outro lado do Profeta. Ele virou a página com estardalhaço, e o nome de Dumbledore
pulou à sua frente. Sob a fotografia estavam as palavras: A família Dumbledore, da
esquerda para a direita: Alvo; Percival segurando a recém-nascida Ariana; Kendra; e
Aberforth.
Aquilo chamou sua atenção, e Harry examinou a fotografia com mais
cuidado. O pai de Dumbledore, Percival, era um homem bem-apessoado, com olhos que
pareciam brilhar mesmo naquela foto velha e desbotada. O bebê, Ariana, era um pouco
maior do que um pãozinho, e difícil de distinguir. A mãe, Kendra, tinha cabelo preto
amarrado num coque alto. Seu rosto tinha certo ar de escultura. Harry se lembrou de fotos
que vira de índios americanos, enquanto analisava seus olhos, suas maçãs do rosto
salientes, e o nariz retilíneo, formalmente composto sobre um vestido de seda de gola alta.
Alvo e Aberforth estavam usando semelhantes jaquetas rendadas de gola e idênticos cortes
de cabelo na altura do ombro. Alvo parecia muitos anos mais velho, mas exceto por isso os
dois garotos eram muito parecidos, pois isso fora antes de o nariz de Alvo ser quebrado, e
antes de ele começar a usar óculos.
A família parecia bastante normal e feliz, sorrindo serenamente na página do
jornal. A pequena Ariana agitava seus braços vagamente em sua manta. Harry olhou acima
da foto e leu a manchete:
TRECHO EXCLUSIVO DA NOVA BIOGRAFIA DE ALVO
DUMBLEDORE
Por Rita Skeeter
Pensando que dificilmente algo poderia fazê-lo se sentir pior do que já se sentia,
Harry começou a ler:
Orgulhosa e arrogante, Kendra Dumbledore não tolerou permanecer em
Mould-on-the-Wold* depois da muito divulgada prisão de seu marido Percival,
encarcerado em Azkaban. Ela decidiu então deslocar a família para Godric’s
Hollow, o vilarejo que mais tarde ganharia fama como cenário da inexplicável
fuga de Harry Potter de Você-Sabe-Quem.
Como Mould-on-the-Wold, Godric’s Hollow era lar de várias famílias de
bruxos, mas uma vez que Kendra não as conhecia, seria poupada da curiosidade,
enfrentada por ela em sua antiga casa, acerca do crime de seu marido.
Seguidamente rechaçando as tentativas de aproximação de seus novos vizinhos
bruxos, ela logo assegurou que a família fosse deixada completamente só.
“Bateu a porta na minha cara quando fui dar as boas-vindas com uma
fornada de bolinhos de caldeirão caseiros”, disse Batilda Bagshot. “Durante o
primeiro ano em que estavam aqui, eu só via os dois rapazes. Não saberia que
havia uma filha se não tivesse visto Kendra levar Ariana até o jardim, numa noite
em que eu estava colhendo plangentinas à luz da lua, no inverno em que eles se
mudaram. Ela a levou até o jardim dos fundos, deu uma volta no gramado,
mantendo-a bem segura, e então a levou novamente para dentro. Eu não sabia o
que pensar.”
Aparentemente Kendra considerou que a mudança para Godric’s Hollow
era a oportunidade perfeita para esconder Ariana de uma vez por todas, algo que
ela provavelmente já planejava há vários anos. O momento foi relevante. Ariana
tinha cerca de sete anos quando desapareceu, e sete é a idade a que a maior parte
dos especialistas concorda que a magia já deva se manifestar, se presente.
Ninguém se recorda de Ariana jamais ter demonstrado qualquer habilidade
mágica. Parece claro, portanto, que Kendra tomou a decisão de esconder a
existência de sua filha, ao invés de admitir a vergonha de ter produzido um Aborto.
Mudar-se para longe de seus amigos e vizinhos que conheciam Ariana só tornaria
o isolamento desta mais fácil. As poucas pessoas que sabiam da existência de
Ariana, então, iriam com certeza manter o segredo, incluindo seus dois irmãos, que
evitavam perguntas capciosas com a resposta que sua mãe lhes ensinara: “minha
irmã é frágil demais para ir à escola”.
Na próxima semana: Alvo Dumbledore em Hogwarts – Os prêmios e a
presunção
Harry estava errado: o que havia lido tinha efetivamente feito com que se
sentisse pior. Ele olhou de novo para a fotografia da família de aparência feliz. Seria
verdade? Como ele poderia descobrir? Ele queria ir a Godric’s Hollow, mesmo se Batilda
não estivesse lúcida o suficiente para conversar com ele; ele queria visitar o lugar onde
ambos, ele e Dumbledore, haviam perdido entes queridos. Estava abaixando o jornal, para
pedir a opinião de Rony e Hermione, quando um estalo ensurdecedor ecoou pela cozinha.
Pela primeira vez em três dias Harry havia se esquecido de Monstro. Seu
primeiro pensamento foi que Lupin tinha voltado, e por um instante não assimilou a massa
de membros revoltos que havia aparecido do nada ao lado de sua cadeira. Ele ficou de pé
rapidamente enquanto Monstro se desembolava. Fazendo uma profunda reverência para
Harry, ele crocitou: “Monstro voltou com o ladrão Mundungo Fletcher, Mestre”.
Mundungo se levantou atabalhoadamente e sacou sua varinha; Hermione,
porém, foi mais rápida que ele.
- Expelliarmus!
A varinha de Mundungo foi arremessada no ar, e Hermione a segurou. Com
um olhar assustado, Mundungo correu para as escadas: Ron se atirou sobre ele, e
Mundungo foi derrubado sobre o chão de pedra com um som abafado de coisas se
quebrando.
- O que foi?- ele gritou com toda força, contorcendo-se para tentar se soltar
da pegada de Rony. - O que eu fiz? Colocar um maldito elfo atrás de mim, que brincadeira
é essa, o que eu fiz, me solta, me solta, ou –
- Você não está numa boa posição para fazer ameaças, - disse Harry. Ele
atirou o jornal para o lado, atravessou a cozinha a passos largos, e se ajoelhou ao lado de
Mundungo, que parou de lutar e pareceu aterrorizado. Rony se levantou, arfando, e
observou enquanto Harry apontava sua varinha para o nariz de Mundungo. Mundungo fedia
a suor azedo e tabaco: seu cabelo estava embaraçado, e suas roupas, manchadas.
- Monstro pede desculpas pelo atraso na captura do ladrão, Mestre, - crocitou
o elfo. - Fletcher sabe como se safar, tem muitos esconderijos e comparsas. Ainda assim, no
fim das contas Monstro o encurralou”.
- Você se saiu muito bem, Monstro, - disse Harry, e o elfo fez uma
reverência.
- Certo, agora temos algumas perguntas para você, - Harry falou para
Mundungo, que começou a gritar.
- Eu entrei em pânico, OK? Eu nunca quis participar, sem ofensa, cara, mas
eu nunca me ofereci para morrer por você, e lá estava o maldito Você-Sabe-Quem voando
na minha direção, qualquer um teria tentado escapulir, eu disse o tempo todo que não
queria –
- Para a sua informação, nenhum dos demais tentou desaparatar, - disse
Hermione.
- Bem, vocês são um bando de malditos heróis, então, mas eu nunca fingi
estar disposto a me sacrificar –
- Nós não estamos interessados em saber por que você abandonou Olho-
Tonto, - disse Harry, movendo sua varinha para mais perto dos olhos injetados e inchados
de Mundungo. - Nós já sabemos que você é uma escória traiçoeira.
- Bom, então, por que diabos estou sendo caçado por elfos? Ou isso tem
alguma coisa a ver com as taças novamente? Eu não tenho mais nenhuma delas, ou você
poderia ficar com elas –
- Também não é sobre as taças, mas você está chegando perto, - disse Harry.
- Cale a boca e escute.
Era fantástico finalmente ter algo a fazer, alguém de quem ele pudesse exigir
verdades. A varinha de Harry agora estava tão próxima do nariz de Mundungo que ele tinha
ficado vesgo tentando mantê-la à sua vista.
- Quando você fez um limpa de todas as coisas de valor nesta casa, -
começou Harry, mas Mundungo o interrompeu novamente.
- Sirius nunca se preocupou com nada desse lixo –
Houve um barulho de pés batendo no chão, um brilho cúpreo, um tinido
ecoando, e um grito de agonia: Monstro tinha corrido até Mundungo e o atingido na cabeça
com uma panela.
- Tire ele daqui, tire ele daqui, ele devia estar preso!, - berrou Mundungo,
cobrindo a cabeça enquanto Monstro erguia a pesada panela novamente.
- Monstro, não! - pediu Harry.
Os finos braços de Monstro tremeram com o peso da panela, ainda segura no
alto, pronta para bater.
- Só mais uma vez, Mestre Harry, para dar sorte?
Rony riu.
- Nós precisamos dele consciente, Monstro, mas se ele precisar de um pouco
de persuasão, você pode fazer as honras, - disse Harry.
- Muito obrigado, Mestre, - disse Monstro, numa reverência, e recuou uma
pequena distância, seus grandes olhos pálidos ainda fixos sobre Mundungo com desdém.
- Quando você despiu esta casa de todas as coisas de valor que conseguiu
encontrar, - Harry começou de novo, - você tirou um monte de coisas do armário da
cozinha. Havia um medalhão lá. - A boca de Harry ficou seca de repente: ele podia sentir a
tensão e a ansiedade de Rony e Hermione, também. - O que você fez com ele?
- Por quê? - perguntou Mundungo. - Era valioso?
- Você ainda está com ele! - gritou Hermione.
- Não, ele não está, - disse Rony sombriamente. - Ele está pensando se
poderia ter pedido um valor mais alto.
- Mais alto? - disse Mundungo. - Isso não teria sido difícil... Acabei dando a
porcaria, não foi? Não tive escolha.
- O que você quer dizer?
- Eu estava vendendo no Beco Diagonal quando ela veio e me perguntou se
eu tinha licença para comercializar artefatos mágicos. Maldita intrometida. Ela ia me
multar, mas se encantou pelo medalhão e me disse que iria levá-lo e me deixar daquela vez,
e que eu deveria me considerar de sorte.
- Quem era essa mulher? - perguntou Harry.
- Não sei, alguma bruxa velha do Ministério.
Mundungo pensou por um momento, franzindo a testa.
- Baixinha. Laço no alto da cabeça.- Franziu as sobrancelhas e acrescentou, -
Parecia um sapo.
Harry deixou cair sua varinha: ela atingiu Mundungo no nariz e lançou jatos
vermelhos em suas sobrancelhas, que pegaram fogo.
- Aguamenti! - gritou Hermione, e um jato de água brotou de sua varinha,
atingindo Mundungo, que afogava e se engasgava.
Harry olhou para cima e viu seu próprio susto refletido nos rostos de Rony e
Hermione. As cicatrizes em sua mão direita latejaram novamente.

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